segunda-feira, 30 de novembro de 2009

PRIMEIRO MOMENTO

A CHEGADA DA MARIANA NA ESCOLA PLURAL






A presença de Mariana, uma aluna de 7 anos, com Síndrome de Down, desestabilizou o coletivo da escola. A aluna fora matriculada por iniciativa dos pais, que estavam insatisfeitos com a passagem da filha por duas escolas especiais. Por isso, mostravam-se apreensivos e atentos, receando atitudes e indícios de discriminação. Questionavam procedimentos, contestando qualquer possibilidade de tratamento diferenciado em relação à filha.
Mariana era agitada, não parava na sala de aula, corria pela escola, atirava objetos pela janela, comia papel e cola, não tinha noção de perigo. A primeira iniciativa da escola foi a redução provisória do horário, dispensando a aluna após o recreio, com a intenção de tentar incluí-la progressivamente. Contudo, os pais não aceitaram, por entender que se tratava de medida discriminatória e lesiva do direito à escolarização no horário previsto para todas as crianças. As professoras não se julgavam preparadas para lidar com uma criança com Síndrome de Down. Não sabiam o que fazer e como deviam fazer. Por isso, decidiram recorrer ao Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais de Educação-CAPE, que entrou em cena durante as reuniões pedagógicas, nas quais se construíram algumas estratégias de inclusão. O CAPE ampliou as discussões, a partir da problematização dos aspectos observados, elucidação de conceitos, preconceitos, estereótipos e representações do senso comum acerca da Síndrome de Down, contribuindo com subsídios teóricos e práticos, tendo em vista a formação de competência para lidar com Mariana.
Foram realizados encontros, reunindo os pais da aluna, representantes da equipe pedagógica da Regional de referência da escola, representantes da Família Down e do Conselho Tutelar. A escola conseguiu superar as dificuldades iniciais, recorrendo ao CAPE e à Coordenação de Política Pedagógica-CPP, quando surgiam novos conflitos e impasses. Aos poucos, a professora sentiu-se à vontade, criando situações de aprendizagem no sentido de trabalhar as dificuldades de Mariana com os colegas da turma. O coletivo da escola estabeleceu alguns acordos, a fim de fazê-la compreender a rotina da escola, assimilando regras, limites e outros combinados. Desta forma, cada vez que a aluna saía da sala de aula ou cometia algum deslize, o adulto ou criança mais próxima se encarregava de reconduzi-la à sala de aula. Assim, Mariana conseguiu compreender algumas noções elementares, apresentando modificações significativas no comportamento, nas atitudes e na sociabilidade.
Vários fatores favoreceram a inclusão escolar de Mariana:
·        .A concepção da Escola Plural na prática;
·        O projeto pedagógico da escola construído coletivamente;
·        .O espírito de cooperação e interação grupal;
·        .Ambiente escolar estimulante;
·        .Organização flexível do trabalho pedagógico;
·        .Interação com as outras crianças;
·        .Relação da escola com as famílias;
·        .Disponibilidade de uma estagiária para apoiar a turma;
·        .Acompanhamento da CPP, CAPE e Regional;
·        .A possibilidade de formação em serviço;
·        .Diálogo e interlocução com segmentos envolvidos;
·        .Problematização, registro e avaliação contínuos;
·        .Abertura da escola para aprender e assumir desafios.
O sucesso desta experiência, tão sumariamente descrita, traduz-se nos resultados alcançados: desenvolvimento da linguagem, formação de hábitos, assimilação de limites, interatividade, identificação de letras e palavras, manifestação de interesses e habilidades, exercício da curiosidade, entre outros.

Referência Bibliográfica:

Adaptação do texto Necessidades educacionais especiais na escola plural por Elizabet Dias de Sá, Disponível em http://www.lerparaver.com/node/154 , Submetido em Domingo, 25/12/2005 - 10:45 por Lerparaver

Um comentário:

  1. Ainda bem que a escola repensou nos seus princípios pedagógicos, procurou se informar e se adaptou a uma realidade, sem se omitir.
    Mônica - Grupo E

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